domingo, 10 de julho de 2011

Soneto do Orfeu

São demais os perigos dessa vida
Para quem tem paixão, principalmente
Quando uma lua surge de repente
E se deixa no céu, como esquecida 

E se ao luar, que atua desvairado
Vem unir-se uma música qualquer
Aí então é preciso ter cuidado
Porque deve andar perto uma mulher 

Uma mulher que é feita de música
Luar e sentimento, e que a vida
Não quer, de tão perfeita 

Uma mulher que é como a própria lua:
Tão linda que só espalha sofrimento,
Tão cheia de pudor que vive nua.

Vinicius de Moraes 

quinta-feira, 7 de julho de 2011

" [...] Os ombros suportam o mundo 
Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco
[...]. "  

                         Carlos Drummond de Andrade.

Apenas versos simples para um estado máximo.

 Eu expus minhas palavras...tão mal ditas, mas sinceras.
Te contei dos meus sentimentos confusos e incompletos,
mas tão verdadeiros quanto essas lágrimas que agora insistem em cair dos meus olhos.
Ah! Que belos olhos os teus...tão puros e honestos.
Eu procurei pelas mais doces palavras para dizer-te o que sinto,
mas do doce ter se tornado fel é o que eu mais temo nesse momento.
Ah! Os momentos...repentinos e sublimes.
Eu senti frio, medo, nervosismo e aflição,
mas o meu choro interno foi a pior das sensações.
Eu quis te ter por perto, te escrever um soneto ou mesmo um verso.
Recitar-te um Vinícius de Moraes ou qualquer outro desconhecido.
Ah! O desconhecido...tão amedrontador e tão interessante.
Eu quero te ter por perto! Te contar meus receios e anseios.
Te levar aos meus lugares e falar coisas tolas...
Te ligar numa madrugada dessas e perguntar o que estais a fazer.
Enfim, dentre tantos outros pretextos pra te ouvir.
Agora, o que me sobra...?
Essas lágrimas que não podeis ver...
Minhas palavras estúpidas que me tornam assim.
Essa ausência própria e esse devaneio.
Esse teu silêncio que me ensurdece.
Mas, oh! O que é isto...?
Lembranças de um pôr-do-sol.












quarta-feira, 6 de julho de 2011

Traduza-me Vinícius!

‎"Não te quero ter porque
                                             em meu ser está tudo terminado.
                         Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados."  
                                                     Vinícius de Moraes



Faço minhas as palavras de Vinícius de Moraes... São nesses quatro singelos e estupendos versos que estão traduzidas as minhas palavras a respeito de meu sentimento... Interprete-as e entenderás o que minha boca não consegue proferir pelos meus pensamentos desordeiros.

Soneto da Separação



De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Vinícius de Moraes.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Não consigo definir meus sentimentos, pensamentos, anseios ou desejos com simples palavras...eles não cabem em todo esse léxico...É preciso mais.Mais do que palavras, mais do que simples nominalizações...mais do que toda a gramática ou literatura ouse descrever...Mais do que eu mesma possa descrever.